Investir na segurança é investir em si e nos seus
Como já dizia Maslow em 1943, a segurança é a base para a “motivação humana”. Atualmente os tempos podem ser outros, mas as necessidades são as mesmas.
“A sensação de falta de segurança está associado às tecnologias digitais, desigualdades económicas e conflitos sociais”
O conflito da Ucrânia, enquanto ameaça à paz euro-atlântica, à economia internacional e à estrutura global energética, alertou o mundo para a importância da estabilidade e segurança no quotidiano.
Um dos relatórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento relata uma crescente sensação generalizada de falta de segurança, incluindo nos países com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Este fenómeno está maioritariamente associado às tecnologias digitais, desigualdades económicas e conflitos sociais, e tem impacto tanto na comunidade local como na esfera internacional.
Sendo a segurança uma necessidade primária, é uma prioridade dos líderes mundiais. Em 2020, os países da união europeia gastaram 322,2 mil milhões de euros em segurança e ordem pública, representando 1,8% do seu PIB. A guerra na Ucrânia veio reforçar esta necessidade, tendo os vários países da União Europeia se comprometido em alargar essa percentagem.
“Ocorre um ataque cibernético a cada 39 segundos”
Atualmente, o conceito de segurança já invadiu o universo digital, pelo que são várias as atividades do nosso dia a dia que reivindicam um ecossistema seguro:
Pagamentos online: a primeira compra online aconteceu em 1994 e hoje são feitas mais de 100 milhões de transações por dia em todo o mundo, desde transferências bancárias a pagamento de serviços e compras. Simultaneamente, ocorre um ataque cibernético a cada 39 segundos, sendo urgente a implementação de sistemas de segurança digital.
Base de dados: a digitalização do Homem verifica-se não só no progressivo uso das tecnologias como também na partilha de dados pessoais à escala global. Na verdade, todos nós divulgamos informações confidenciais na internet, ao usarmos redes sociais ou ao comprarmos uma viagem. Surge assim, uma forte ameaça de segurança aos data centers, e consequentemente, à segurança individual.
No entanto, apesar do inquestionável destaque do mundo digital, a segurança no mundo real é, e será sempre, inerente à condição humana e essencial para o seu desenvolvimento. Além disso, as novas tendências demográficas, sociais e de sustentabilidade têm moldado as necessidades de segurança relativas ao quotidiano dos cidadãos:
Segurança em casa e nas cidades: as transições demográficas, caracterizadas pelo crescimento da população e da sua concentração nas grandes cidades, são um fator considerável em relação à vigilância, tanto privada como pública. Adicionalmente, a segurança doméstica, relativamente aos seguros de casas, controlos de peste e limpeza das matas, são uma preocupação cada vez mais visível. O Markets & Markets, projeta que o valor de mercado global de sistemas de segurança residencial seja de 84,4 mil milhões dólares em 2027 (CAGR 2022-2027: 8,2%).
“O mercado global de sistemas de segurança residencial poderá atingir os 84 mil milhões de dólares em 2027”
Segurança no trabalho: os funcionários são o ativo mais valioso de qualquer instituição, pelo que, a sua segurança é prioritária. Nos últimos anos, têm sido publicados vários decretos-lei que enfatizam a seriedade deste assunto, abordando não só a saúde física como mental. Algumas empresas tecnológicas já iniciaram o desenvolvimento de equipamentos de proteção individual inteligentes (PPE), enquanto dispositivos que monitorizam os sinais vitais dos colaboradores, preparados para os setores de risco.
Segurança nos transportes: ocorrências como a guerra da Ucrânia e o Acordo de Paris têm incentivado a alterações de padrões de consumo de energia. O mercado tem assistido a uma transição de preferências por transportes públicos eco-friendly e por veículos elétricos. Para responder efetivamente a este choque de procura, é necessário investir em redes de postos para bicicletas e trotinetes, bem como em ciclovias apropriadas, a fim de garantir a segurança de todos.
Segurança na alimentação: segundo um relatório do Grupo Banco Mundial, as doenças transmitidas por alimentos têm um impacto na produtividade económica de cerca de 95 mil milhões de dólares, traduzindo-se numa lacuna de desenvolvimento a preencher.
Notoriamente, a segurança é um mercado resiliente e diversificado, dado o seu cariz de inevitabilidade em qualquer país, setor e circunstância. Existe assim, um universo de investimento repleto de oportunidades por aproveitar.