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Quando se considera o câmbio pela paridade do poder de compra (PPC), o PIB chinês já está acima do norte-americano desde 2017.
Ano 2000, a Ásia representava apenas 1/3 do PIB mundial (em termos de paridade de poder de compra), e está a caminho de ultrapassar os 50%, o que, de acordo com a consultora McKinsey, deverá ocorrer até 2040. Uma vez chegado a esse ponto, a expectativa é que venha a representar 40% do consumo mundial. Por sua vez, de acordo com um estudo da agência de classificação de risco Austin Rating, a economia norte-americana em 1990 era 15 vezes maior que a chinesa e hoje equivale a apenas 1,4 vezes o PIB da China. “Quando se considera o câmbio pela paridade do poder de compra (PPC), cálculo que leva em conta níveis de preços e o poder de compra na conversão de moedas, o PIB chinês já está acima do norte-americano desde 2017”, refere a agência de risco. Assim, e tal como conclui a consultora McKinsey, “a questão não é mais quanto à velocidade com que a Ásia vai crescer”, mas sim de que maneira irá liderar o futuro.
A Ásia tem registado substanciais progressos económicos, mas também importantes avanços no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – expectativas de vida mais elevadas decorrentes de progressos nos cuidados higiénicos e de saúde, aumento do poder de compra
e melhorias progressivas na qualidade de vida dos seus cidadãos, maiores níveis de alfabetização e um aumento expressivo no uso de internet e digitalização das suas principais economias. Desta forma, já não é só no crescimento
económico que a China e a Índia superam os países ditos mais desenvolvidos, nomeadamente a Europa e os Estados Unidos. De acordo com vários estudos publicados pela OCDE e outras organizações internacionais, a Europa está também
a perder a terreno nas áreas da educação, investigação e inovação.
O panorama não é melhor nos Estados Unidos. Também a National Academy of Sciences apresentou um estudo onde alerta que sem um maior apoio do governo federal à ciência e à tecnologia, a atual liderança e até o próprio nível
de vida nos EUA encontra-se ameaçado.
Os progressos da região revelam-se transversais a outros domínios da sociedade. No mundo socialmente conectado em que vivemos hoje, é cada vez maior a consciência de que o sucesso empresarial depende não apenas dos resultados
anuais, mas também do relacionamento da empresa com a sociedade em geral. Isso explica a crescente importância que se tem vindo a atribuir aos critérios de sustentabilidade (ou em inglês, Environmental, Social and Governance (ESG)),
impulsionados por medidas regulatórias e pressão dos próprios investidores. E a maioria dos países asiáticos não se têm revelado indiferentes a esses critérios de desenvolvimento sustentável. De acordo com estimativas publicadas
pela Bloomberg Intelligence, a China depois de nos últimos dois anos ter aumentado a negociação em bolsa, em cerca de 18 vezes, de Exchange-Traded Fund (ETF) que incorporam critérios ESG, está decidida a protagonizar o maior crescimento
de toda a Ásia em investimentos sustentáveis. De acordo com a analista Esther Tsang da Bloomberg Intelligence, “a China vai dominar”. Assim, no seu esforço para atingir a meta de neutralidade de carbono em 2060, a China intensificará
os seus investimentos em energias renováveis e veículos elétricos até para incrementar os fluxos de entrada em ETF´s relacionados com critérios ESG, contribuindo, deste modo, para um crescimento de cerca de “20% em ativos sustentáveis
em toda a Ásia este ano”, de acordo com Tsang. No entanto, mesmo com esse crescimento estimado, a China ainda representa pouco mais de 10% dos “ETF ESG” asiáticos sob gestão, com o Japão a assumir a liderança, representando cerca
de 80% dos 40 mil milhões de dólares de fundos ESG negociados nas bolsas. Como continente, a Ásia está atrás dos Estados Unidos e da Europa, respondendo por menos de um quinto dos 218 mil milhões de dólares de ETFs globais neste
setor. O que face aos objetivos anunciados revela que ainda há muito caminho a percorrer.
Mas é precisamente na Ásia que o investimento em inovação é mais forte. China, Japão, Coreia do Sul, Singapura e Hong-Kong fazem disso uma espécie do seu “cavalo de Troia” e países como a Índia, o Vietname ou a Malásia também
têm feito importantes progressos nesta área. Assim, embora os EUA continuem a liderar a nível mundial, a China está cada vez mais perto de se tornar o principal investidor global em termos de Investigação e Desenvolvimento (I&D)
e, de acordo com um estudo publicado pela R&D World, estima-se que supere os EUA até 2025. No entanto, toda a região da Ásia já representa mais de 44% do investimento mundial em I&D. Segundo a R&D World, a Ásia está a ganhar anualmente
cerca de meio ponto percentual na quota mundial de I&D e, a manter-se essa taxa de crescimento, poderá vir a representar mais de metade de todos os investimentos mundiais em I&D até 2030.
Assim, não é de estranhar que
durante o século XXI, o centro de gravidade do mundo se
esteja a deslocar, progressivamente, da Europa e dos Estados Unidos para a Ásia.
Já em 2020, enquanto o mundo se debatia contra a pandemia desencadeada pela Covid-19 e fortes limitações impostas à atividade económica, chegou do Oriente a notícia de um dos acontecimentos que, dentro de poucos anos, poderá ser recordado como um dos
que maiores implicações teve para o futuro da economia mundial – porventura, de magnitude idêntica ao que representou a entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2001.
A assinatura do acordo para a Parceria Económica Regional Abrangente (ou em inglês, The Regional Comprehensive Economic Partnership (RCEP)) - assinada em Hanói no dia 15 de novembro de 2020, por 15 países, após
três cimeiras e 30 rondas de negociação -
traduz-se no
primeiro passo para a criação
da maior área de comércio livre do mundo, superando a União Europeia e o USMCA (que veio
substituir a anterior NAFTA “North American Free Trade Agreement”) que inclui os Estados
Unidos,
o México e o Canadá.
Este pacto foi, inicialmente, proposto em 2012 e é visto como uma reação da China a uma iniciativa semelhante lançada pelos Estados Unidos durante a presidência de Barak Obama e, entretanto, abandonada pelo Governo do Presidente
cessante, Donald Trump. O vazio de liderança deixado por Trump na cena internacional tem sido aproveitado pela China que procura ocupar esses espaços que são deixados vazios e a RCEP é um bom exemplo disso já que ilustra a nova
estratégia dos países asiáticos em reforçar laços regionais num momento em que, devido à guerra comercial da anterior Administração Trump e em função dependência da manufatura chinesa revelada pela pandemia de Covid-19, o protecionismo
voltou a ganhar força entre os principais blocos económicos.
A RCEP inclui 15 países que representam cerca de 30% do PIB mundial e onde vivem cerca de 2,2 mil milhões de pessoas.
O acordo, que abre caminho para a criação de uma zona de comércio livre, abrange dez economias do sudeste asiático (Indonésia, Tailândia, Singapura, Malásia, Filipinas, Vietname, Birmânia, Camboja, Laos e Brunei) mais a China, Japão, Coreia do Sul, Nova
Zelândia e Austrália, que representam cerca de 30% do PIB mundial e onde vivem cerca de 2,2 mil milhões de pessoas. O que supera, em larga escala, os cerca de 500 milhões de cidadãos abrangidos pelo Acordo Abrangente e Progressivo
para a Parceria Transpacífica (,ou em inglês, Comprehensive and Progressive Agreement for Trans-Pacific Partnership (CPTPP)) que inclui um total de 11 países (Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia,
Peru, Singapura e Vietname).
A Índia que também tinha previsto aderir a este pacto comercial, acabou por retirar-se, por recear uma invasão de produtos chineses no seu mercado interno. No entanto, Nova Deli reservou a opção para uma futura adesão
a este acordo, o que representará um acréscimo de quase 1,4 mil milhões de pessoas e a abertura a um mercado com um PIB superior a 2,7 biliões de dólares.
O Banco Mundial estima que na região da Ásia-Pacífico, a taxa de crescimento do PIB deverá ser duas a três vezes superior à taxa registada pela Europa e Estados Unidos nos próximos dez anos.
Além da população da China/Japão/Coreia do Sul de 1,6 mil milhões de pessoas, a RCEP permite alcançar mais 675 milhões da ASEAN, Austrália e Nova Zelândia. A China representa, por si só, mais de 60% da população deste mercado e o PIB e as reservas para trocas comerciais representam cerca de metade do total da RCEP. Na sequência deste acordo, o próprio Banco Mundial estima que na região da Ásia-Pacífico, a taxa de crescimento do PIB deverá ser duas a três vezes superior à taxa registada pela Europa e Estados Unidos nos próximos dez anos. Em termos práticos, a RCEP permitirá à China ampliar a sua influência na região, após o isolacionismo que lhe foi imposto pelos Estados Unidos durante a presidência de Donald Trump. Mas olhar para este acordo apenas pelo prisma do que poderá significar em termos da ascensão da China, será, inevitavelmente, uma visão redutora. Este acordo comercial tem um significado bem mais profundo e traduz uma tentativa de recentragem do mundo, por muitos mais países da região. E não só na economia, como o futuro o demonstrará.
Conheça as potencialidades da RCEP e os 4 pilares para a liderança asiática:
A Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP, em inglês), visa eliminar
as
tarifas alfandegárias sobre 65% dos bens importados e exportados dentro da
região.
No longo prazo, o acordo visa reduzir as tarifas alfandegárias entre os
Estados-Membros em
90% nos próximos 20 anos, ampliando o setor de serviços e estabelecendo regras comerciais comuns.
Assim, este acordo comercial inclui capítulos específicos para as compras dos diversos governos dos países signatários, a facilitação comercial nas fronteiras e um conjunto de disposições para o desenvolvimento
de micro, pequenas e médias empresas a partir da inovação. Esses itens complementam os compromissos assumidos de integração entre os países asiáticos, impulsionam as cadeias de valor regional e aumentam a complexidade
competitiva de forma sustentável e construtiva. Assim, e de acordo com um exemplo publicado num artigo da BBC, um produto fabricado na Indonésia que contenha componentes provenientes da Austrália pode estar sujeito
a taxas em alguns países da ASEAN. No entanto, com este acordo um produtor de um estado signatário da RCEP pode negociar livremente com todos os outros 14 países aderentes ao acordo.
A RCEP estende a liberalização do comércio e propõe a criação de um ambiente que facilite os investimentos.
Em termos de acesso a mercados, a RCEP estende a liberalização do comércio e propõe a criação de um ambiente que facilite os investimentos. Os compromissos cobertos no acordo estão dispostos em vinte capítulos, que contemplam: investimentos, procedimentos
alfandegários e facilitação do comércio, defesa comercial, propriedade intelectual, concorrência, comércio de bens e de serviços, movimento temporário de pessoas físicas, regras de origem, compras governamentais
e disposições institucionais. Entre as áreas mais regulamentadas estão o e-commerce, as telecomunicações e os direitos de autor.
A RCEP estende a liberalização do comércio e propõe a criação de um ambiente que facilite os investimentos. Assim, os países da ASEAN – que, coletivamente, formam o quarto maior mercado de exportação dos EUA
– irão, provavelmente, transferir mais comércio para os seus parceiros RCEP. Zhang Jun, Dean of the School of Economics at Fudan University, refere através de um artigo de opinião publicado em janeiro de 2021 no
Project Syndicate que “a RCEP também deve aumentar a procura chinesa por exportações agrícolas e de energia provenientes da Austrália e da Nova Zelândia. E ao estabelecer indiretamente uma zona de livre comércio
entre China, Japão e Coreia do Sul – o chamado triângulo de ferro – consolidará as cadeias de abastecimento no nordeste da Ásia e no Pacífico Ocidental. Isto coloca os EUA em crescente desvantagem estratégica.”
Assim, o mesmo autor defende que “em vez de defender a política de confronto de Trump com a China, Biden deve aceitar o papel central da China na economia global e procurar obter um acordo comercial não discriminatório
e mutuamente benéfico”, caso contrário “o comércio bilateral pode até entrar em colapso”.
Uma estimativa, publicada pelo Peterson Institute for International Economics dos EUA, avança que o acordo poderá adicionar 500 mil milhões de dólares às exportações mundiais até 2030. Sendo expectável que
as exportações da China aumentem cerca de 248 mil milhões de dólares no âmbito da RCEP, com o Japão a receber 128 mil milhões de dólares extra e a Coreia do Sul 63 mil milhões de dólares.
Outro estudo do Instituto de Relações Internacionais do Japão indica que a Coreia do Sul poderá ser a principal beneficiária económica, com a RCEP a incrementar 6,5% ao seu PIB real, enquanto no Japão o incremento
será de 5% e na China de 4,6%. Em 2020, os países aderentes ao RCEP foram responsáveis por 53,2% das exportações de aço da Coreia do Sul, face aos 46,8% registados em 2019. A associação siderúrgica da Coreia do
Sul estima que da parte da ASEAN se registe um aumento de 4,3 milhões de toneladas na procura de aço em 2021, para 77,3 milhões de toneladas. Por sua vez, as construtoras sul-coreanas esperam que a RCEP as ajude
a aumentar a sua participação, face aos rivais japoneses, num mercado de 3,5 milhões de vendas anuais de automóveis. E os fabricantes de equipamentos industriais do Japão terão acesso, livre de tarifas, a 86% dos
produtos chineses (face aos anteriores 8%), enquanto a Coreia do Sul removerá as tarifas em 92% (perante os anteriores 19%), de acordo com o mesmo estudo.
Esta aceleração do comércio e dos investimentos asiáticos seguir-se-á a uma forte desaceleração registada a nível global. Devido à pandemia de Covid-19, a Organização Mundial do Comércio previu, em outubro,
que o volume de comércio global de mercadorias encolha 9,2% em 2020. Mas a atualização do World Economic Outlook (WEO) de janeiro de 2021, publicado pelo FMI, estima que os volumes do comércio global (incluindo
bens e serviços) comecem a recuperar, projetando um crescimento de 8% já para 2021, seguido de um ligeiro decréscimo para 6% em 2022.
Mas os acordos multilaterais de comércio tendem a estimular a aceleração de processos de reformas estruturais em curso e o fortalecimento da política interna e das respetivas estruturas institucionais, o que,
por sua vez, tende a impulsionar a concorrência, a eficiência e a produtividade. Pelo que os ganhos potenciais decorrentes dessas reformas estruturais e de políticas internas são, frequentemente, muito superiores
aos próprios ganhos comerciais.
1) Aumento da classe média
Na Ásia começa-se a assistir a uma procura crescente pelas marcas domésticas.
A Ásia tem evidenciado um maior crescimento económico do que a generalidade das economias ocidentais com a maioria destes países a atravessar por um processo de envelhecimento da sua população com a consequente perda de vitalidade económica e de consumo. Ainda que existam substanciais diferenças económico-sociais entre as principais nações asiáticas, tem-se vindo a assistir nos últimos anos a um aumento da classe média: em 2020 cerca de dois mil milhões de asiáticos pertenciam à classe média e, segundo uma estimativa da Brookings Institute, esse número deverá aumentar para 3,5 mil milhões até 2030. Ou seja, em 2030, dois em cada três membros da classe média serão asiáticos (1). De acordo com a mesma organização, em cada dez milhões de consumidores da classe média, nove milhões estarão na Ásia e a maioria viverá na China, Índia e Sudeste Asiático. Prevê-se que em 2025 os gastos desta classe média na região Ásia-Pacífico ultrapassem os do resto do mundo. Estes números são particularmente significativos se considerarmos o futuro impacto em termos de consumo e crescimento nestas economias: os países asiáticos são, muitas vezes, catalogados como grandes consumidores de produtos europeus ou norte-americanos, normalmente associados a um certo status social, no entanto começa-se a assistir a uma procura crescente pelos produtos produzidos na região. Assim o comprova um estudo realizado pela Mckinsey que em 17 categorias analisadas, os consumidores chineses preferiram marcas nacionais em 15 dessas categorias, incluindo consumo de bens pessoais e de eletrodomésticos.
2) Grandes metrópoles
O crescente processo de urbanização e de mudanças tecnológicas ocorridas ao longo das últimas décadas está a criar uma nova geografia de poder no mundo, em que as grandes cidades ganham uma importância crescente.
Cerca de 25% da riqueza mundial é
produzida
pelas dez maiores áreas metropolitanas do planeta. A importância das cidades
para a
economia global tem aumentado a um ritmo sem precedentes, pois são mais
eficientes e
a produção económica que daí pode ser proveniente
é muito superior à dos países. Sendo de prever que o fenómeno da urbanização prossiga ao longo das próximas décadas,
estima-se que até ao final
do século cerca de 90% da população mundial será urbana, de acordo com um estudo da Universidade de Oxford.
Em apenas 40 anos, o número de megacidades (termo usado pela ONU para definir uma área metropolitana que totalize mais de 10 milhões de habitantes) quadruplicará, ganhando quase 600 milhões de residentes no processo.
Trata-se de uma tendência de longo prazo que terá uma forte expressão na Ásia cujo crescimento tem sido apoiado pelo “nascimento” de grandes metrópoles.
A maioria das 300 cidades com população acima de um milhão de habitantes
localiza-se em África, Ásia e América Latina, número incomparável às 10 nos EUA
ou
às 18 na União Europeia, e muitas dessas cidades têm populações
que cresceram mais de dez vezes desde 1950, segundo a PMC, uma publicação dedicada à literatura de periódicos biomédicos e de ciências biológicas da Biblioteca Nacional
de Medicina dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH / NLM).
Entre 2000 e 2010, a população urbana cresceu a uma média anual de 3,3% no
Médio Oriente e em África e 2,7% na Ásia-Pacífico, em comparação com uma taxa de
crescimento urbano global de 2,1%. Em outras regiões, especialmente nas ditas economias avançadas, o crescimento urbano raramente excede os 2% ao ano e na Europa Oriental
a população urbana registou um decréscimo médio de 0,1% ao ano nesse período de tempo, de acordo com a empresa de research Euromonitor International.
À medida que as cidades globais se tornam mais tecnológicas, novos modelos de negócios surgem associados a cidades mais inteligentes, mais densas e mais conectadas.
Estas megacidades tornam-se focos da globalização, bem como os motores para o desenvolvimento, concentrando um vasto leque de capacidade e de potencial humano, criatividade, interação social e diversidade cultural.
A elevada densidade populacional destas megacidades constitui um forte apoio ao próprio crescimento empresarial e um círculo virtuoso de escala, que proporciona aos consumidores mais produtos, serviços e inovação,
a um ritmo superior e de forma mais económica. Veja-se o exemplo da app chinesa Didi Chuxing, com uma oferta similar à Uber, mas com cerca de dez vezes mais motoristas ativos.
A própria reinvenção urbana exige, per si, investimentos gigantescos e representa uma enorme oportunidade para os investidores. À medida que estas cidades globais se tornam mais tecnológicas, novos modelos
de negócios surgem associados a cidades mais inteligentes, mais densas e mais conectadas traduzindo-se num poderoso polo de crescimento e inovação. Toda esta dinâmica das grandes metrópoles gera um efeito multiplicador
em termos de crescimento.
3) Numerosa Geração Z e Millennial
Os Millennials estão a tornar-se uma importante força dinamizadora de crescimento.
Enquanto as economias ocidentais enfrentam o problema do envelhecimento crescente da população e dos seus impactos na economia, nos sistemas de previdência social e de saúde, na Ásia o desafio é conseguir alimentar e educar uma população ainda em forte
expansão. A geração mais jovem de consumidores asiáticos está a tornar-se uma importante força dinamizadora de crescimento. Além de já estar a ganhar dinheiro e consequentemente a aumentar os seus padrões de consumo,
estão também a ficar mais proeminentes demograficamente: em 2025, a Geração Z (denominação que contempla as pessoas nascidas entre 1996 e 2012) terá o mesmo peso demográfico (cerca de 25%) que os Millennials (nascidos
entre 1980 e 1995), de acordo com um estudo da Mckinsey.
Estas gerações estão a transformar a economia e a obrigar alguns setores
tradicionais a reinventar-se. Os Millennials são os primeiros nativos digitais já que cresceram com a internet. Grande parte da sua vida flui dentro do smartphone,
onde o mundo está conectado 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por semana) e de onde resultou, naturalmente, o advento de uma nova economia, chamada de “partilha”.
Essa “nova economia de partilha” terá
maiores reflexos junto dos países com maior número de Millennials. E nesse
capítulo
a Ásia também assume a liderança: de um total de 1,8 mil milhões de
habitantes
pertencentes à geração Millennial cerca de 1,1 mil milhões,
ou mais de 60%, residem na Ásia, cerca de 300 milhões em África (16% do
total) e
os
restantes 400 milhões distribuem-se pela Europa e América Latina / Caribe
(150
milhões) com os restantes a viverem na América do Norte
e Oceânia, de acordo com um estudo publicado pela empresa de research MSCI.
Tratando-se de uma geração com um maior nível de formação – “em 2020 mais de metade da geração Millennial apresenta um nível de ensino médio e quase um quarto adquiriu ensino pós-secundário”, de acordo com o mesmo estudo da MSCI - a principal particularidade é que 65% destes Millennials dos mercados emergentes esperam conseguir viver melhor do que os seus pais, contra percentagem equivalente que, nos países desenvolvidos, perspetiva piores condições de vida. Isto significa que temos na Ásia uma enorme quantidade de consumidores, jovens adultos e ativos, com maior poder de compra, movidos pela ambição e o otimismo. São os filhos da globalização que estão formatados para um mundo digital.
4) Liderança na revolução digitals
A revolução digital na Ásia não mostra sinais de que vá desacelerar.
A revolução digital na Ásia não mostra sinais de que vá desacelerar. Estima-se que até 2021 o processo de transformação digital irá acrescentar 1,16 biliões de dólares ao PIB da região Ásia-Pacífico, segundo um estudo produzido pela Microsoft em parceria
com IDC Asia/Pacific. Com uma forte aposta no setor, a China irá liderar o crescimento da economia digital na região. Assim, desde as gigantes de motores de pesquisa e do comércio eletrónico como as chinesas Baidu
e Alibaba e a japonesa Rakuten, passando por grandes players de serviços para Internet como a Tencent e por startups de serviços de transporte e pagamentos digitais, como a indonésia Go-Jek e a indiana Paytm, e
até pelo uso generalizado de robôs industriais e pelos fortes investimentos realizados ao nível da Inteligência Artificial (IA), a digitalização está a mudar a forma como as empresas da região operam.
Um estudo publicado pela Mckinsey revela que
na Ásia o crescimento do
número de utilizadores de internet é superior a qualquer outra região do
mundo,
absorvendo hoje metade do número total de utilizadores mundiais.
As receitas estimadas do e-commerce na Ásia ascendem a 1,4 biliões de
dólares em
2020, quase o triplo das receitas estimadas para os Estados Unidos. As
compras
efetuadas através de dispositivos móveis representam 74% do
total do comércio online na Ásia, em comparação com 37% na Europa e 31% na
América
do Norte. Os downloads de aplicativos aumentaram mais na região do que no
resto
do
mundo e a região foi responsável por 41% de todos os
downloads de aplicativos móveis em 2019. Esta é uma base massiva para a escalabilidade das tecnologias ao consumidor e várias tecnológicas – We Chat e Tencent,
por exemplo – estão a potenciar caminhos inovadores para cruzar serviços e aplicações que combinam desde e-commerce, transporte partilhado, redes sociais e até seguros.
Em suma, na era pós-Covid-19 três atributos parecem ser vitais para o sucesso de qualquer nação: velocidade, cooperação e resiliência.
A velocidade do processo de transformação digital e o ritmo de inovação e adoção tecnológica regista na Ásia uma expressão inigualável a qualquer outra região do planeta.
A colaboração entre os principais países da região conheceu, no último ano, um novo capítulo com a criação da maior área de comércio livre do mundo através da Parceria Económica Regional Abrangente, com um impacto
ainda impossível de quantificar no futuro económico dos países aderentes e na própria região como um todo.
Em termos de resiliência, a pandemia acabou por demonstrar a fragilidade das cadeias de abastecimento internacionais na presença de um choque global. No entanto, as economias asiáticas reúnem as melhores condições
para tornar essas cadeias de suprimentos mais resilientes no contexto de um mundo mais multipolar em tecnologias e geografias inovadoras.
Em conclusão, a Ásia detém a posição mais privilegiada no âmbito dos três atributos considerados críticos para a liderança do século XXI.